O consumo excessivo ou de maneira inadequada desses produtos pode gerar excesso de peso, diabete, problemas renais e hepáticos.

As promessas são inúmeras: de reduzir gorduras “em um passe de mágica” a aumentar a massa muscular em pouco tempo ou dar mais energia para os treinos. Quando o assunto é suplementos alimentares, há todo o tipo de indicação de benefícios nas embalagens dos produtos vendidos em academias e lojas especializadas. Os especialistas, porém, garantem: as sugestões de uso são bem restritas e o consumo sem orientação profissional pode desencadear em uma série de problemas graves à saúde.

O médico e presidente da Socie¬¬dade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, Jomar Sou¬za, explica que apenas pessoas que têm carga de atividade física muito intensa, como atletas profissionais, devem usar suplementação como forma de complementar a ingestão de nutrientes – e, consequentemente, sanar a demanda por energia – que a alimentação do dia a dia não é capaz de suprir. “Basta notar que um maratonista profissional precisa de uma quantidade muito grande de nutrientes para manter seu ritmo de treinos e competições, enquanto uma pessoa que faz exercícios na academia não.”

Cuidado
Produto não faz milagre
Apesar das inúmeras promessas nos rótulos dos produtos, é bom não se enganar: não adianta esperar por milagres. “Principalmente por causa da genética. Se a pessoa nasce com gene programado para ser magra e ter porcentual de gordura baixo, pode comer de tudo, fazer suplementação e levantar a academia inteira no supino, que não vai ter hipertrofia muscular”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, Jomar Souza.

Para evitar decepções, o ideal é procurar acompanhamento médico e não se deixar levar pela ilusão de um corpo perfeito. “Não adianta projetar uma imagem impossível de ser alcançada porque isso não acontece do jeito que as pessoas esperam. Imaginar que qualquer um pode ficar com aquele aspecto musculoso é o caminho para o insucesso.”

Lista
Veja os tipos de suplementos mais comuns encontrados nas lojas e academias:

Proteína
É o preferido entre os que pretendem ter aumento de massa muscular, já que favorece a hipertrofia dos músculos.

Carboidratos
Ajuda a dar mais energia e garantir que a pessoa vai ter disposição para fazer a atividade no mesmo ritmo por tempo prolongado.

Creatina
É procurada por quem quer aumentar sua massa muscular, mas, segundo o médico Jomar Souza, sua ação é bem restrita. “Na verdade, a creatina não aumenta a massa muscular. Ela simplesmente estoca uma quantidade de água no músculo e gera um aumento de volume”, diz. Conforme a pessoa excreta essa água – seja pela urina ou pelo suor –, o inchaço some e o efeito desaparece.

Substituições
A nutricionista Louise Saliba explica que é fácil substituir os suplementos por alimentos. A carne é rica em proteínas, enquanto o arroz e o macarrão são excelentes fontes de carboidratos. Para quem faz exercícios, é preciso comer cereais integrais, frutas, verduras e legumes.

Venda
Para comprar um suplemento alimentar, não é preciso ter receita médica, a menos que o produto tenha diluição de medicamentos. A Anvisa é o órgão responsável por fiscalizar os produtos, mas não tem controle sobre as vendas. Os suplementos podem ser encontrados principalmente em academias e lojas especializadas.

Segundo ele, no caso de pessoas que não praticam exercícios de maneira profissional, mas pensam em usar suplementação, a recomendação é marcar uma consulta com um médico ou nutricionista, fazer uma avaliação e descobrir se é realmente necessário complementar a dieta. “Só esses profissionais po¬¬dem fazer uma avaliação a partir do nível de atividade física da pessoa, seu gasto calórico e sua dieta para analisar se a alimentação do dia a dia é suficiente ou quais os suplementos mais indicados para o caso.”

Na maioria das vezes, uma reformulação do cardápio, tirando as gorduras saturadas, sódio e açúcar e apostando em gorduras insaturadas, fibras, vitaminas e sais minerais, já é suficiente para garantir bons resultados.

Os suplementos também não podem substituir os alimentos durante as refeições. “Há quem deixe de se alimentar e passa o dia à base de suplementos variados, o que é muito perigoso. O ideal é que a pessoa mantenha um cardápio rico e balanceado e que os suplementos sejam só um adendo à sua dieta”, comenta a nutricionista especialista em nutrição esportiva e professora do curso de Nu¬¬trição da Pontifícia Universidade Católica do Paraná Louise Saliba.

Problemas
Os riscos dos exageros e da falta de orientação são grandes. Suple¬mentos com proteínas podem desencadear problemas nos rins ou no fígado, enquanto os de carboidratos causam desequilíbrio nos níveis de açúcar no sangue, o que favorece o desenvolvimento de diabete em quem tem fatores de risco para a doença. No caso dos enriquecidos com vitaminas, o risco é de ter uma intoxicação por excesso desse nutriente no organismo. “A pessoa passa do limite tolerável para o dia e pode ter uma sobrecarga hepática.”

Uso de anabolizantes é ainda mais restrito
Os especialistas esclarecem que anabolizantes não são considerados suplementos alimentares. “São classificações diferentes. Os suplementos são formados por vitaminas e sais minerais que a pessoa encontra na alimentação normal e que ali estão concentrados em forma de pó, líquido ou cápsulas, enquanto os anabolizantes são medicações vendidas em farmácias, que tem uso restrito e são contraindicados para fins estéticos”, diz o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, Jomar Souza.

Atualmente, os anabolizantes são receitados para idosos com baixa hormonal, casos de osteoporose avançada, anemias graves, pacientes com desnutrição avançada e em alguns tipos de câncer de mama. “Mas, em todos os casos, há prescrição médica e a farmácia faz a retenção da receita para garantir o controle da venda.”
Segundo ele, é importante que as pessoas não comprem anabolizantes, porque grande parte é vendida de maneira ilegal para fins estéticos.

Fonte: GAZETA DO POVO – PR